FALA SERIO 79 – POR QUE OS BRASILEIROS ACEITAM TUDO CALADOS ? 1t6k2k

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A INFLUÊNCIA DOS JESUITAS NA CULTURA BRASILEIRA
Como a opção missionária moldou a alma conciliadora da população brasileira.

INTRODUÇÃO
A cultura de uma população é moldada ao longo dos séculos por suas experiencias, suas lutas e, sobretudo, pelos valores que lhe foram transmitidos.
No caso do Brasil poucos grupos tiveram tanto impacto neste processo quanto os jesuítas. Mais do que evangelizadores, foram educadores, formadores de mentalidade e arquitetos de uma ordem social marcada pela conciliação e pela obediência.
Este artigo busca mostrar como a presença jesuítica deixou marcas profundas – muitas delas ainda perceptíveis no Brasil de hoje.

QUEM FORAM OS JESUITAS E O QUE VIERAM FAZER NO BRASIL
Desde os primeiros anos da colonização portuguesa , os jesuítas tiveram papel central na formação da sociedade e da cultura brasileira.
A ordem criada em 1540 por Inácio de Loyola, chegou ao Brasil em 1549, com Tomé de Souza, com a missão de catequisar os povos indígenas. Mas os membros da Companhia de Jesus não se limitaram à difusão da fé cristã. Eles influenciaram profundamente a educação, a língua, a organização social e a arte no território colonial – um legado que , com nuances, perdura até hoje

Educação : a base do projeto jesuíta
Um dos instrumentos mais duradouros da presença jesuíta foi a educação.
Os primeiros colégios fundados no Brasil – como o de São Paulo de Piratininga em 1554 – foram estabelecidos por jesuítas. Neles, ensinava-se não só a religião, mas também disciplinas como , latim, filosofia, retórica e ciências, de acordo com os padrões da Europa. Esse modelo educacional influenciou decisivamente o sistema escolar brasileiro durante séculos.

Língua, catequese e aculturação
Para evangelizar os povos indígenas, os jesuítas aprenderam línguas nativas, principalmente o tupi, e produziram gramáticas, dicionários e até peças de teatro nesta língua.
O padre José de Anchieta, figura símbolo desta missão, foi um dos principais responsáveis pela consolidação do tupi como “língua geral” do Brasil colonial.
Ao mesmo tempo, este processo promoveu uma forte aculturação dos povos indígenas, apagando tradições e modo de vida.

Organização social e trabalho
Os jesuítas também criaram aldeamentos – as chamadas missões – onde os indígenas viviam sob regras europeias de trabalho, religião e convívio social.
Embora visassem a proteção contra a escravidão, esses aldeamentos também impunham uma ruptura com a cultura nativa. Assim os jesuítas agiram simultaneamente como protetores e agentes de aculturação

Conflitos e expulsão
Apesar de sua influência, os jesuítas entraram em conflito com colonos interessados na exploração dos indígenas como mão de obra. Também resistiram às políticas da Coroa portuguesa que visavam o controle direto da terra e da população.
Em 1759, o Marquês de Pombal ordenou a expulsão da Companhia de Jesus do território português, encerrando temporariamente sua presença no Brasil.
Mesmo assim seu legado permaneceu.

Quando e como voltaram ao Brasil ?
Os jesuítas só retornaram ao Brasil oficialmente no século XIX.
A ordem foi suprimida em 1773 pelo Papa Clemente XIV, sob pressão das monarquias europeias.
Ela só foi restaurada oficialmente pelo Papa Pio VII em 1814.
A volta efetiva dos jesuítas ao Brasil ocorreu em 1842, já durante o império, com autorização do governo de D.Pedro II.
Nessa nova fase, os jesuítas voltaram a atuar na área de educação e na missão religiosa, mas com menos poder e terras do que tinham antes da expulsão

O legado vivo da cultura jesuítica ao Brasil de hoje
Os jesuítas trouxeram uma pedagogia e uma doutrina voltadas à meditação, disciplina, hierarquia e obediência, buscando a harmonia social dentro de uma ordem cristã.
Isto incentivava a evitação de confronto aberto e a resolução de conflitos através do convencimento moral e da autoridade religiosa, em vez do embaste direto
A repressão violenta do poder colonial forçava os mais fracos a buscar meios de sobrevivência pela adaptação, não pelo confronto. Isso gerou uma cultura de negociação e de “jeitinho” para lidar com o poder
Sergio Buarque de Holanda, em “Raízes do Brasil” definiu o brasileiro como um “homem cordial” , no sentido de agir com base na emoção e nos laços pessoais, favorecendo relações interpessoais em vez de conflitos institucionalizados

CONCLUSÃO
Sim, o espírito conciliador do brasileiro tem relação com o legado jesuítico, mas é também fruto de um processo mais amplo de colonização e miscigenação cultural.
A valorização do acordo, do contorno dos conflitos e da harmonia social é uma característica notável do Brasil – ao mesmo tempo virtuosa e, as vezes, problemática , pois pode também mascarar
injustiças e inibir enfrentamentos necessários

SOBERANO BRASIL
Maio 2025

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